Infraestrutura e Exclusão Escolar

um estudo de caso sobre a acessibilidade arquitetônica em duas escolas ribeirinhas de Cametá-PA

Autores

  • Sandra do Carmo Gomes Faculdade de Ciências Sociais Interamericana (FICS – PY)
  • Mílvio da Silva Ribeiro Universidade Federal do Pará (PPGEO-UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.56069/2676-0428.2025.676

Palavras-chave:

Acessibilidade Arquitetônica, Educação Inclusiva, Escolas Ribeirinhas, Deficiência Física, Amazônia.

Resumo

As desigualdades históricas enfrentadas por pessoas com deficiência no acesso à educação tornam ainda mais desafiadora a garantia de inclusão escolar em territórios com condições geográficas adversas, como as comunidades ribeirinhas da Amazônia. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo investigar a situação da acessibilidade arquitetônica em escolas ribeirinhas do Distrito de Janua Coeli, no município de Cametá (PA), com foco nos estudantes com deficiência física. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, por meio de um estudo de caso em duas escolas municipais localizadas em áreas ribeirinhas. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a observação direta e entrevistas semiestruturadas com quatro profissionais da educação: dois gestores escolares, uma coordenadora pedagógica e uma professora. Além disso, realizou-se uma revisão de literatura sobre acessibilidade em contextos educacionais e geograficamente isolados. Os resultados revelaram que as escolas visitadas apresentam sérias limitações arquitetônicas e estruturais que comprometem a mobilidade e permanência de alunos com deficiência física. Rampas inadequadas, ausência de banheiros adaptados, vias de acesso irregulares e desrespeito às normas técnicas de acessibilidade foram os principais problemas identificados. Em contraponto, destacaram-se iniciativas comunitárias de adaptação improvisada, que embora não atendam aos padrões formais, expressam o esforço coletivo pela inclusão. Conclui-se que, apesar da mobilização local, a falta de planejamento arquitetônico adequado e a ausência de políticas públicas eficazes voltadas à realidade amazônica comprometem o direito à educação inclusiva. É urgente repensar o planejamento e a execução de obras escolares em áreas ribeirinhas, com base nos princípios do desenho universal e na escuta dos sujeitos locais, garantindo condições dignas de acesso e permanência para todos.

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Publicado

2025-09-01

Como Citar

GOMES , S. do C. .; RIBEIRO , M. da S. . Infraestrutura e Exclusão Escolar: um estudo de caso sobre a acessibilidade arquitetônica em duas escolas ribeirinhas de Cametá-PA. Revista Científica FESA, [S. l.], v. 3, n. 30, p. 45–67, 2025. DOI: 10.56069/2676-0428.2025.676. Disponível em: https://revistafesa.com/index.php/fesa/article/view/676. Acesso em: 3 set. 2025.