EJA e Desigualdades Contemporâneas
Mediações Pedagógicas e Reconfigurações de Trajetórias Formativas
DOI:
https://doi.org/10.56069/2676-0428.2025.716Palavras-chave:
EJA, Mediação Pedagógica, Desigualdades Educacionais.Resumo
No contexto de persistentes desigualdades educacionais, materiais e simbólicas, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) surge como campo privilegiado para investigar como mediações pedagógicas qualificadas produzem reconfigurações nas trajetórias formativas, sobretudo quando articuladas a políticas públicas, trabalho e cuidado. O estudo define como objetivo geral analisar, em perspectiva crítico-interpretativa, de que modo mediações docentes, curriculares e avaliativas, sustentadas por princípios de inclusão e reconhecimento, favorecem permanência, aprendizagem com sentido e projeções de futuro dos estudantes da EJA. Justifica-se a investigação pela recorrência de evasão, pela intermitência de percursos escolares e pela necessidade de orientar decisões pedagógicas com base em evidências, de modo a reduzir assimetrias de acesso, participação e certificação. Adota-se metodologia bibliográfica, com revisão narrativa de literatura nacional e internacional recente, sistematizada em eixos: marcos legais e financeiros, concepções de mediação, avaliação formativa, multiletramentos e tecnologias educacionais acessíveis. Os resultados indicam convergências em torno de três achados: mediações que conectam saberes de vida e currículo ampliam engajamento; práticas avaliativas formativas, com feedbacks acionáveis, sustentam progressão; arranjos flexíveis de tempo-espaço combinados a apoio intersetorial reduzem desistências. Conclui-se que a EJA, quando ancorada em mediações planejadas, colaborativas e transparentes, potencializa a reparação educativa e a justiça social, fornecendo diretrizes operacionais para gestão, formação docente e organização didática que reorientam trajetórias escolares interrompidas.
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