Entre o Direito e o Desejo de Aprender
a Educação de Jovens e Adultos como via de Democratização do Conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.56069/2676-0428.2025.717Palavras-chave:
Educação de Jovens e Adultos, Democratização do Conhecimento, Direito à Educação.Resumo
No cenário brasileiro recente, marcado por desigualdades educacionais persistentes e por trajetórias escolares interrompidas, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) configura campo estratégico no qual direito à educação e desejo de aprender se encontram e se tensionam; objetiva-se, portanto, analisar como a EJA pode operar como via de democratização do conhecimento, articulando garantia legal, reconhecimento de identidades e oportunidades formativas significativas; justifica-se o estudo pela necessidade de qualificar o debate público sobre políticas reparadoras, permanência e certificação, sobretudo quando experiências de trabalho, maternidade, migração e vulnerabilidades atravessam a escolarização; metodologicamente, adota-se revisão bibliográfica narrativa e analítica, com seleção de produções nacionais e internacionais (2010–2025) em bases indexadas, leitura criteriosa por eixos temáticos (direito à educação, mediação pedagógica, avaliação e certificação, organização curricular flexível, tecnologias e inclusão) e análise hermenêutica-crítica que coteja marcos legais, evidências empíricas e aportes teórico-metodológicos; os resultados apontam que arranjos didáticos flexíveis, reconhecimento de saberes prévios, mediações dialógicas, avaliação formativa e itinerários de certificação alinhados ao mundo do trabalho ampliam engajamento, reduzem evasão e fortalecem a autoestima intelectual, ao passo que fragilidades de financiamento, formação docente insuficiente e gestão pouco participativa limitam ganhos; conclui-se que a EJA, quando ancorada em financiamento estável, formação continuada situada, currículos integradores e tecnologias acessíveis, avança na democratização do conhecimento por combinar acolhimento, rigor acadêmico e justiça social, convertendo o direito formal em experiências de aprendizagem com sentido e projetando horizontes de continuidade formativa, inserção produtiva e cidadania ativa.
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