FORÇA QUE ACOLHE, FRAGILIDADE QUE HUMANIZA
RESSIGNIFICANDO O CUIDADO NA SAÚDE DO HOMEM
DOI:
https://doi.org/10.56069/2676-0428.2021.721Palavras-chave:
Acolhimento, Masculinidades, Humanização do Cuidado.Resumo
O presente estudo investiga, à luz da saúde coletiva, como normas de masculinidade moldam barreiras de acesso, aderência e comunicação clínica, tensionando práticas de acolhimento na atenção primária. Objetiva-se analisar, de modo narrativo, em que medida o acolhimento, compreendido como escuta qualificada, vínculo e classificação de risco, reorienta cuidado para reconhecer vulnerabilidades sem estigmatização e para ampliar itinerários terapêuticos. Justifica-se a proposta pela persistência de indicadores de morbimortalidade masculina, pela baixa procura por serviços e por lacunas na formação de equipes quanto a gênero e sensibilidades do cuidado. Metodologicamente, conduz-se revisão bibliográfica narrativa em bases nacionais e internacionais, com descritores combinando “saúde do homem”, “acolhimento”, “humanização”, “masculinidades” e “atenção primária”, seleção por critérios de relevância, recência e aderência conceitual, e análise temática. Resultados apontam três eixos recorrentes: i) acolhimento como tecnologia relacional que legitima fragilidades e reduz barreiras simbólicas; ii) práticas interprofissionais que integram prevenção, saúde mental e paternidades, incrementando vínculo e continuidade; iii) educação permanente orientada por gênero, com protocolos que valorizam escuta e decisão compartilhada. Conclui-se que acolhimento reconfigura cuidado masculino ao articular força como disponibilidade para a responsabilidade consigo e com o outro, e fragilidade como potência para a cooperação clínica, recomendando-se dispositivos formativos, indicadores sensíveis a gênero e linhas de cuidado que institucionalizem tais mudanças.
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