A Escuta que Ensina

Práticas do Professor na Primeira Infância

Autores

  • Nadir Azevêdo de Jesus Santos Universidad San Carlos

DOI:

https://doi.org/10.56069/2676-0428.2025.696

Palavras-chave:

Contação de Histórias, Formação de Professores, Letramento Literário, Práticas de Leitura.

Resumo

À luz da BNCC e de referenciais como Reggio Emilia e Paulo Freire, a escuta pedagógica assume centralidade na educação infantil, pois orienta planejamentos sensíveis ao brincar, às interações e às singularidades das crianças. Diante disso, coloca-se o problema: apesar da recorrência do termo no discurso educacional, como a escuta efetivamente se traduz em práticas docentes no cotidiano da primeira infância? Objetiva-se analisar criticamente a produção científica recente sobre o tema, sistematizando princípios e dispositivos de escuta que qualifiquem mediações, planejamentos e avaliações na educação infantil. Metodologicamente, trata-se de pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa, realizada entre 2015 e 2025 em bases como SciELO, Periódicos CAPES e ERIC, com critérios de inclusão envolvendo pertinência temática, acesso integral e estudos empíricos ou teórico-metodológicos. Os dados textuais foram tratados por análise temática de inspiração em Bardin, com categorização, inferência e síntese interpretativa. Como resultados, emergem cinco eixos: escuta como postura ética, política e estética do professor; dispositivos de escuta, observação participante, documentação pedagógica, registros multimodais, rodas de conversa, mapeamento de interesses e brincadeiras investigativas; reconfiguração do planejamento em currículo emergente e ambientes como “terceiro educador”; avaliação formativa com devolutivas às crianças e às famílias; e desafios persistentes, adultocentrismo, gestão do tempo, turmas numerosas, formação continuada insuficiente e cultura avaliativa conteudista. Propõe-se, por fim, um quadro operativo em ciclo contínuo (observar – documentar – interpretar – negociar sentidos – replanejar – devolver) como guia para práticas de escuta que ensinam e aprendem com as crianças.

Biografia do Autor

Nadir Azevêdo de Jesus Santos, Universidad San Carlos

Universidad San Carlos

Doutorado em Ciências da Educação

Referências

BLACK, Paul; WILIAM, Dylan. Assessment and classroom learning. Assessment in Education: Principles, Policy & Practice, v. 5, n. 1, p. 7–74, 1998.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília, 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação (Lei nº 13.005/2014). Brasília, 2014.

CEPPI, Giulio; ZINI, Michele (org.). Children, Spaces, Relations: Metaproject for an Environment for Young Children. Reggio Emilia: Reggio Children, 2013.

DAHLBERG, Gunilla; MOSS, Peter; PENCE, Alan. Beyond Quality in Early Childhood Education and Care: Languages of Evaluation. 2. ed. London: Routledge, 2013.

EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George (org.). The Hundred Languages of Children: The Reggio Emilia Experience in Transformation. 3. ed. Santa Barbara: Praeger, 2012.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GIUDICI, Carla; RINALDI, Carlina; KRECHEVSKY, Mara (org.). Making Learning Visible: Children as Individual and Group Learners. Reggio Emilia: Reggio Children; Cambridge, MA: Project Zero/Harvard Graduate School of Education, 2001.

GONTIJO, Fernanda. Documentação pedagógica como estratégia metodológica: notas sobre a prática. 2023. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/9321729.pdf

HATTIE, John; TIMPERLEY, Helen. The power of feedback. Review of Educational Research, v. 77, n. 1, p. 81–112, 2007.

INEP. TALIS 2018: Relatório Nacional. Brasília, 2019. Disponível em: https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pesquisa_talis/resultados/2018/relatorio_nacional_talis2018.pdf. Acesso em: 13 out. 2025.

INEP. TALIS 2018: Volume II – Notas Estatísticas. Brasília, 2025. Disponível em: https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pesquisa_talis/resultados/2018/TALIS2018_VOL_II_Notas_Estatisticas.pdf. Acesso em: 13 out. 2025.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Educação infantil cresce em 2023 e retoma patamar pré-pandemia. Agência IBGE Notícias, 4 dez. 2024.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Indicadores educacionais avançam em 2024, mas atraso escolar aumenta. Agência IBGE Notícias, 13 jun. 2025.

OECD. Starting Strong 2017: Key OECD Indicators on Early Childhood Education and Care. Paris, 2017.

OECD. Starting Strong V: Transitions from early childhood education to primary education. Paris, 2017.

RINALDI, Carlina. In Dialogue with Reggio Emilia: Listening, Researching and Learning. 2. ed. London: Routledge, 2021.

SADLER, D. Royce. Formative assessment and the design of instructional systems. Instructional Science, v. 18, p. 119–144, 1989.

SARMENTO, Manuel Jacinto. Gerações e alteridade: interrogações a partir da Sociologia da Infância. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 91, p. 361-378, 2005.

Downloads

Publicado

2025-10-13

Como Citar

SANTOS, N. A. de J. A Escuta que Ensina: Práticas do Professor na Primeira Infância. Revista Científica FESA, [S. l.], v. 3, n. 31, p. 136–152, 2025. DOI: 10.56069/2676-0428.2025.696. Disponível em: https://revistafesa.com/index.php/fesa/article/view/696. Acesso em: 18 out. 2025.