A Escuta que Ensina
Práticas do Professor na Primeira Infância
DOI:
https://doi.org/10.56069/2676-0428.2025.718Palavras-chave:
Escuta Pedagógica, Educação Infantil, Mediação Docente.Resumo
Na primeira infância, a escuta docente, entendida como prática intencional de atenção, acolhimento e interpretação das manifestações infantis, ganha centralidade por orientar planejamentos responsivos, reorganizar tempos e espaços e favorecer vínculos que sustentam experiências significativas de linguagem, brincar e convivência. Objetiva-se analisar, em chave teórico-analítica, como a escuta que ensina se materializa nas práticas do professor da Educação Infantil, delimitando princípios, procedimentos e indicadores de qualidade pedagógica. Justifica-se a investigação pela recorrência de abordagens que tratam a escuta como atitude genérica, sem critérios operacionais para planejamento, registro e avaliação, o que restringe sua potência formativa e sua articulação com direitos de aprendizagem. Adota-se metodologia bibliográfica, com revisão narrativa de produções nacionais e internacionais, selecionadas por pertinência temática, recorte temporal recente e consistência metodológica, contemplando descritores sobre escuta, mediação docente, documentação pedagógica e participação infantil. Resultados da síntese crítica apontam: a) a escuta, quando sistematizada por registros multimodais e devolutivas às crianças, orienta intervenções mais precisas; b) práticas que integram observação, documentação e planejamento colaborativo ampliam participação e autoria infantil; c) formação continuada com foco em ética do cuidado, diversidade linguística e avaliação formativa fortalece coerência entre intencionalidade e ação. Conclui-se que a escuta que ensina, tratada como dispositivo pedagógico, institui horizonte de qualidade para a Educação Infantil ao converter sinais, falas e silêncios em decisões curriculares, sustentando ambientes de aprendizagem sensíveis, inclusivos e cognitivamente desafiadores.
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